
Yasmim Flores
2013

Yasmim Flores
2013

Yasmim Flores
2013

Yasmim Flores
2013

Yasmim Flores
2014

Yasmim Flores
2014

Aqui dentro, escôo-te, mundo.
Duo CaYá: Carolina Meirelles e Yasmim Flores
Foto Performance
2013
Breve relato sobre a expedição artística no Parque Indígena do Xingu:
Em setembro de 2012 participei de uma expedição artística ao Parque indígena do Xingu, junto aos meus companheiros de jornada; Carolina Meirelles artista e fotógrafa, André D’Elia diretor do filme “Belo Monte anuncio de uma guerra” e Diego Depane operador do som. Nos unimos nas reuniões em que abria meu atelier junto ao Coletivo Organolépticas para promover artivismo e defender as causas ambientais como a vida nas florestas e Xingu Vivo, em diversas manifestações realizadas em São Paulo durante o ano de 2011.
O motivo da expedição foi mostrar o filme finalizado para as diversas aldeias que participaram do documentário. O meu objetivo foi pesquisar os grafismos indígenas, pintura corporal e toda a sua cultura ancestral de mitos e ritos , afim de imergir nesse realidade e poder contribuir de alguma maneira através da arte-educação com a preservação dessa cultura que está sobre ameaça de extinção.
Foi uma aventura difícil de atravessar e tão mágica de experênciar.
Sou eternamente grata por essa viagem, foi mesmo sorte e coragem enfrentar essa empreitada. Só mesmo o amor liberta e nos permite a entrega.

Caderno de estudos de aquarelas levado para a expedição em 2012.

Caderno de estudos de aquarelas levado para a expedição em 2012.
Levei um caderno de desenho em que pedia para as índias desenharem seus motivos para me ensinar; material de aquarela e gravador feito como diário de bordo, narrando todo o percurso, impressões, emoções, sonhos e cantos ensinados pelas crianças.
O trabalho que desenvolvi após essa expedição é uma homenagem a todos os indígenas que tive a oportunidade de conhecer e trocar experiências. Incorporei os grafismos num dialogo com as manchas dos nanquins nos meus desenhos. Me despertou interesse pela precisão das formas geométricas, aprender toda aquela simetria foi um grande exercício de concentração.

Raquel Kamayurá é mestra em pintura corporal. Foi ela quem me ensinou alguns padrões de grafismo e fez a minha primeira pintura corporal de jenipapo, nas laterais das duas pernas. Após realizar a pintura, ela polvilhou biju (felícula de mandioca) por cima. Esperei até o dia seguinte para mergulhar na lagoa para a pele absorver bem o jenipapo.

“Mindíçanga”
Foto: Carolina Meirelles
A seguir trechos do diario falado:
Aldeia Kamayura, um lugar encantado, lagoa Ipavu, água valiosa, Ngô Meitire.
Banhar na lagoa é um ato sagrado que refresca tanto calor. As ocas abrigam redes que embalam sonhos e acolhem imagens, sensações do subconsciente. Convivemos com muitas crianças ao redor, que são criadas livres, soltas pela a aldeia e nos arredores da lagoa, onde se situava nosso alojamento, bem de frente estava a visão do Paraíso. Todas as manhãs, assistia o sol nascer e as famílias indo banhar na lagoa começando o dia. Comer biju com peixe fresco na brasa não tem hora. Onde tudo se faz com prazer, a naturalidade é regente. Ver as mulheres colhendo e ralando mandioca é um processo admirável, fonte de toda nutrição da tribo.
Agora tudo faz mais sentido. A luta pela a vida no Xingu, se enraíza dentro de nós.Amo essa terra. Amo essa gente. Amo esse rio. Brasil.
Olho agora e vejo o sol nascer, são 5h30 da manhã. Entidade solar ilumina e todos os Mamaés da floresta se espreguiçam. E eu aqui e agora, debaixo da árvore de pequi. Hora de meditar e agradecer.
Úh! úh! úh!Úúúúúúuuuuuuuuhhh !! KamaraO!
Mindioca – Kunhacatu – Kaymonocajá foram os nomes que ganhei nesse rito de passagem.
Aldeia Kamayura, setembro de 2012








